Então aqui vamos nós à análise das letras das músicas do Ten.
Decidi começar pelo Release, a música nº11 e última do albúm. Antes de mais, tenho que dizer que adoro esta música, pelo ambiente que cria, a bela melancolia melódica e pensativa em que os Pearl Jam são mestres, pela letra em si, e pela simplicidade do todo e das suas pequenas perolas. Não sendo das músicas mais populares do albúm, esta sem dúvida bem cotada entre os fãs.
Nas interpretações mais oficiais esta música aborda a relação do Eddie com o pai, o que eu concordo, dada toda a sua história familiar e a temática do albúm.
Isto das interpretações tem que se lhe diga e muitas vezes pode estragar a música para outra pessoa.
Eu sempre vi esta música como uma abordagem simples e brutalmente directa sobre as relações pai-filho. Sempre imaginei um homem num ambiente soturno a pensar sobre a sua vida e sobre a sua relação com o pai, feliz com as sublimes ironias e agradado consigo próprio, pelo fechar do círculo, pela reconciliação com a vida.
I see the world, feel the chill
Which way to go, windowsill
I see the world's on a rocking horse of time
I see the birds in the rain
Ohh...ohh...ohh...ohh...
Oh, dear dad, can you see me now
I am myself, like you somehow
I'll ride the wave where it takes me
I'll hold the pain...Release me...
Ohh...ohh...ohh...ohh...
Oh, dear dad, can you see me now
I am myself, like you somehow
I'll wait up in the dark for you to speak to me
I'll open up...Release me...
Release me (3x)
Ohh...ohh...ohh...ohh...
Eu vejo o mundo, sinto o arrepio, nesta 1º linha em conformidade com o som, a voz do Eddie transporta-nos para um arrepio...
Para onde ir?... As interrogações da vida e da juventude.
I see the world's on a rocking horse of time....para mim uma peróla, uma das muitas das letras do Eddie Vedder, simplesmente adoro a frase...Vejo o mundo como um cavalo galopante (fazendo ligação ao rock e ao seu idolo Neil Young) no tempo.... A pressa de viver da juventude.
Eu vejo os passáros na chuva... a contemplação e introspecção.
Oh, dear dad, can you see me now
I am myself, like you somehow
I'll ride the wave where it takes me
I'll hold the pain...Release me...
Brilhante quadra, brilhante rima em Inglês, a brutalidade da simplicidade.
Oh querido pai, se tu me pudesses ver agora
Eu, sou eu, como tu de alguma forma.
O resumo simples e ternamente arrebatador da dicotomia da relação pai-filho, a procura da identificação própria, do ser diferente do pai (toda a juventude da vida) e o encarar, que por aparente obra do acaso, por sublime ironia, esse Eu encontrado, é extremamente parecido com o pai. Afinal tudo o que o pai diz de mal, acaba por não ser assim tão mal dito. (eddie descobriu, que o pai, já falecido, que viu só uma vez também tinha sido músico, e que afinal ele tinha alguma identificação com alguém, algo que lhe faltava na adolescência em relação ao pai adoptivo).
Tudo isto tranportado ao ponto da morte, da eventual falta de um ente querido (se tu me pudesses ver). Se isto não é de deixar um nó na garganta ao ouvir esta música...então não sei...
Eu vou navegar pela onda, para onde ela me leve... O doce encarar da vida, o pequeno sorriso, a tranquilidade do mar, o encarar a vida mais maduro e completo como homem, com um só objectivo viver.
Eu vou segurar a dor, liberta-me... um pedido para os fantasmas da relação pai/filho, um pedido ao pai, para o libertar, para o ajudar, para o doce navegar pela onda não ser mais interrompido.
Oh, dear dad, can you see me now
I am myself, like you somehow
I'll wait up in the dark for you to speak to me... vou esperar no escuro, que tu me fales... o ambiente intimista, a proximidade, o querer da palavra intima do pai.
I'll open up...Release me...eu vou-me abrir, liberta-me...o assumir a canção como uma catarse, o abrir-se para a vida, a libertação dos fantasmas...Liberta-me.
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